de todos: a necessidade de
nos aproximarmos do outro e de criar uma intimidade. De facto, o
desejo sexual tem inúmeros concorrentes, tais como o desejo de
fazer carreira, o de ganhar cada vez mais dinheiro, o de ter uma
criança, o de comprar um novo automóvel ou de adquirir vestuário à
moda. Podemos dizer que a nossa sociedade foi invadida pelo
desejo, mas que se trata sobretudo de um desejo de consumo, de um
apetite por objectos - ou melhor, de necessidades ditadas pelo
exterior. O próprio desejo sexual deixou de ser uma energia ligada
às emoções íntimas e tornou-se uma mercadoria, um objecto de
consumo. A publicidade empobrece o eros. Basta ver a quantidade de
mulheres nuas que proliferam em todas as capas de revistas e
anúncios, ou a moda das imagens cada vez mais ambíguas,
andróginas. As reacções à comercialização e à desvalorização do
desejo são múltiplas. Há quem se proteja, estabelecendo relações
assexuadas. Há quem mergulhe no mundo dos desejos incontroláveis,
que conduzem ao assédio e aos abusos sexuais. Entre o desejo
irreprimível e os desvarios, entre as proezas sexuais e a apatia,
há um menu de desejos que podem ser satisfeitos num abrir e fechar
de olhos, através de todas as formas de comércio erótico - do amor
ao telefone e dos contactos via Internet às pílulas do orgasmo. O
pior é que o desejo é muito mais que uma pílula… e quanto mais o
homem o quer controlar, mais este lhe foge.
O
direito das mulheres ao desejo
é recente. Até aos anos 70, duas em cada três mulheres eram
frígidas ou insatisfeitas. No acto sexual, o homem detinha o
monopólio do prazer e ela, o da ansiedade.
Durante anos e nos países católicos, a mulher teve de reduzir ao
silêncio os impulsos da carne para se aproximar tanto quanto
possível das castas
mandonas.
Só duas vias levavam ao céu: a castidade e a união heterossexual
monogâmica com fins procriadores. Perder a virgindade antes do
casamento e ter relações
extra matrimoniais
eram pecados gravíssimos.
Durante a Inquisição, a mulher era considerada, por natureza, mais
pecadora que o homem. E às mais perigosas sedutoras,
inventavam-lhes pecados sexuais para as levarem à fogueira.
Segundo a tradição religiosa, a mulher apenas deveria assegurar a
legitimidade da descendência, garantia da honra da família. E para
isso, teria de ser fiel e possuir um desejo inferior ao do marido.
O peso desta mentalidade que perdurou durante séculos é um sinal
evidente de que o homem sempre receou o poder da sexualidade
feminina e que, por isso, a tentou controlar ou anular através de
uma repressão retrógrada. Ainda hoje, em certas culturas, existem
rituais cruéis, tais como a excisão e a
infibulação,
destinados a matar o desejo da mulher. Anualmente, em 28 países,
mais de dois milhões de meninas são vítimas da mutilação dos
lábios do clítoris. Um ritual bárbaro, em pleno século
XX,
com riscos graves do ponto de vista físico e psíquico, que torna
as mulheres insensíveis às relações sexuais. E, em vários cantos
do mundo, os casamentos ainda são determinados pelas famílias,
continuando a mulher subjugada às exigências sexuais do marido.
Felizmente, estamos na Europa
e existe a pílula. Foi ela que revolucionou a sexualidade
feminina. Sem o medo de engravidar, o desejo da mulher pode
finalmente libertar-se. O feminismo também ajudou. O seu objectivo
era inverter os papéis, atribuindo às mulheres os mesmos
privilégios dos homens. Se, por um lado, os meios
anticoncepcionais e o feminismo libertaram a mulher das heranças
seculares, por outro, empurraram o homem para atitudes defensivas
de abstinência e assédio. Depois do período de euforia libertadora
dos anos 70, houve uma aproximação inédita, um cessar-fogo na
guerra dos sexos.
Actualmente, assiste-se a uma tentativa tão difícil como
interessante: a instauração de uma verdadeira democracia a dois,
tentando ultrapassar o secular domínio masculino e a recente
rebelião das mulheres. Mas esta democracia é ainda bem frágil e
necessita de constantes esforços de ajustamento da parte de um e
de outro.
O
desejo é tão misterioso
que é difícil saber como surge e sobretudo como se pode avivar
quando dormente. Os seus cúmplices são numerosos, mas não
funcionam de igual maneira para toda a gente. Neste domínio, não
há leis matemáticas.
Rosário, de 27 anos, engenheira, diz que basta um jantar romântico
à luz das velas, uma música quente e duas ou três festas no
pescoço para "partir para uma boa". Francisco, seu colega de
trabalho, dois anos mais velho, confessa-nos que é sensível à
roupa interior negra, a uns lábios pintados de vermelho e a uma
voz doce como o mel. Por seu lado, Jorge, um contabilista de 31
anos, não gosta de
lingerie preta,
bâton
e perfume forte. No entanto, perde-se por loiras de olhos azuis
quase transparentes.
Olhos, perfume, música, carícias, jantar. Os cinco sentidos estão
frequentemente presentes na sedução, embora exerçam um fascínio
diferente de pessoa para pessoa. O olhar permite penetrar sem
tocar. A pele toca-se, olha-se, quase que fala. O cheiro é fatal,
como prova o florescimento da indústria de cosmética. A cozinha e
o amor temperam-se mutuamente. E aos ouvidos chegam-nos vozes
eróticas e melodias envolventes.
Mas há quem goste de vozes discordantes e zangadas. É o caso de
Manuela, artista de teatro, para quem um bom whisky e uma
discussão conjugal são excelentes aperitivos para a resolução
amigável entre lençóis. A infidelidade também é um pau de dois
bicos. Há pessoas que ficam geladas quando são traídas e outras
que, face a um obstáculo, reacendem o fogo do desejo.
Um dos mistérios do desejo reside no facto de ele corresponder a
duas exigências diferentes. Com efeito, há quem goste de comer
constantemente a mesma coisa e de dormir sempre do mesmo lado da
cama, porque o gosto da repetição os
erotiza
- são os parceiros estáveis. Outros, pelo contrário, fazem do
interdito e dos obstáculos os ingredientes da sua vida erótica.
Romeu e Julieta são exemplos do segundo caso. Sem obstáculos, o
amor entre eles talvez não fosse tão intenso, sofrido e de
desfecho dramático.
Uma boa separação é outro
óptimo estimulante do
desejo. De facto, a presença constante do ente amado pode levar à
saturação. Por isso, alguns casais separam-se durante as férias e
outros só sobrevivem debaixo de tectos diferentes.
Henrique e Joana, ambos funcionários públicos, decidiram viver no
mesmo prédio, mas cada qual no seu apartamento: ele no rés-do-chão
e ela no primeiro andar. "Jantamos e dormimos juntos quando
queremos e não nos cansamos um do outro. Com o nosso feitio e a
nossa independência, é impossível juntarmos os trapinhos",
confessa-nos Joana, com um sorriso nos lábios. Dormir em camas
diferentes ou em quartos separados são soluções mais económicas e
práticas, que têm fiéis adeptos.
O vestuário assume um papel importante na sedução. É que além de
nos cobrir, funciona como uma linguagem. Através da cor, do corte
severo ou da ligeireza de um fato, da transparência de um tecido,
de um decote mais arrojado ou de uns
jeans
apertados, comunicamos as nossas emoções.
As cores da sedução são o vermelho e o preto. Segundo os
especialistas, é o binómio que atrai mais os machos (humanos e
animais). O preto, além de "emagrecer" quem o veste, tem algo de
misterioso: incute profundidade,
conduz-nos
ao inconsciente, ao nosso lado diabólico, e opõe-se ao branco,
símbolo da paz. Por seu lado, as cores mais vivas e brilhantes,
como o amarelo e o laranja, aceleram a respiração, as pulsações e,
além de favorecerem o desejo, dão-nos uma sensação de bem-estar e
de alegria.
Os homens são particularmente sensíveis à
lingerie,
às rendas, aos conjuntos interiores em seda. Pedro, de 45 anos,
administrador de uma firma, diz que renova frequentemente a roupa
interior da mulher: "Compro-lhe imensos conjuntos bonitos. Gosto
muito de a ver sexy
e, acima de tudo, adoro despi-la."
Hoje em dia, não é raro ouvir mulheres a discutirem as cuecas dos
maridos. Alguns psiquiatras explicam que, finalmente, as mulheres
adquiriram o direito de
erotizar
certas zonas do corpo masculino (as nádegas, por exemplo,
tornaram-se uma região de atracção selectiva), enquanto que,
antigamente, só os homens se diziam atraídos por uma ou outra
parte do corpo feminino (como as pernas ou os seios).
Numa época em que se pretendem
resultados rápidos, assiste-se a uma procura crescente dos
afrodisíacos.
Mas o melhor remédio para estimular o desejo é sem dúvida a nossa
imaginação. Funciona como o nosso jardim secreto. Através dela
podemos florescer, viajar, deixarmo-nos ir, de modo que o acto
sexual não se transforme apenas numa simples acrobacia.
A sexóloga americana
Nancy
Friday
publicou um livro baseado em confidências de mulheres que se
imaginavam sedutoras e dominadoras. Inventavam histórias em que
tinham relações sexuais com vários homens ao mesmo tempo, em que
seduziam o chefe de serviço, o carteiro ou um célebre artista de
cinema, ou em que provocavam erecções não desejadas.
Fundamentalmente, a imaginação autoriza o que a boa educação
proíbe. Para muitas pessoas, a imaginação vem em primeiro lugar e
as sensações físicas em segundo. Para outras, o corpo é o motor da
reacção e a imaginação não é mais do que o prolongamento natural
de uma sensação física.
Deverão os fantasmas ser contados ao parceiro? Mais uma pergunta
sem respostas fixas. Certos casais têm fantasias excitantes, uma
espécie de cinema no quarto, que só eles vêem. Mas há devaneios
igualmente estimulantes, que só existem porque são secretos.
Revelá-los ao parceiro seria fazer desaparecer o desejo.
No fundo, o imaginário erótico é um teatro mental, no qual entram
personagens reais ou irreais. Através da imaginação, tudo se torna
mais picante.
Os inimigos do desejo são imensos.
No princípio, referimos alguns. Agora vamos realçar aqueles que
afectam quase todos os casais. O trabalho, por exemplo, é um
deles. De facto, este pode interferir gravemente na vida a dois,
quando a carreira de um elemento se torna invasora e rouba tempo e
espaço à intimidade, ou quando a ausência dele provoca
desajustamentos psíquicos e financeiros.
Assim, o aumento da taxa de desemprego e as dificuldades em
arranjar emprego afectam mais a libido do que a
guerra,
visto que nesta o casal funciona como refúgio contra a insegurança
total.
Outro problema muito comum é a inadaptação ou a frustração
causadas por um trabalho pouco gratificante. É a síndroma de
burn
out,
que queima as energias vitais e o
élan
do desejo. Afecta particularmente os homens, que se sentem
ameaçados no seu papel social e na identidade masculina, porque
esta ainda está fortemente ligada à concepção tradicional do
trabalho. Se uma mulher fica desempregada, pode aceitar um papel
de dona-de-casa
ou de mãe. Mas um homem fica perdido, inadaptado.
Como novo inimigo,
temos a Sida. O medo de a contrair refreia as
tentações de muita gente. Além do mais, há quem diga que não se dá
bem com o preservativo e que prefere abster-se. As doenças, os
medicamentos, o medo de falhar e a depressão são outros inimigos
comuns a defrontar, com a ajuda dos especialistas.
Uma coisa é certa: o desejo não é puramente físico. A nossa mente,
se por um lado lhe cria barreiras, por outro, também o desenvolve.
E o desejo identifica-se fundamentalmente com a vida. Sem ele,
esta será como um longo rio que secou. Por isso é tão importante
conhecer a sua força.
Maria João Lehning
O Que Busca
a Humanidade?
O sentido da vida é o
prazer. É em função dele que a humanidade vive. Todas as coisas
construídas pelo ser humano, hábitos e objectos, foram feitos como
meios para a obtenção do prazer ou para a redução do sofrimento, o
que permite a ampliação da possibilidade do prazer no quotidiano.
A sobrevivência por si
só não satisfaz, se torna vazia e se converte em sofrimento e o
ser humano adoece, perde o controle das funções vitais do seu
organismo, tornando-se psicótico, neurótico, esquizofrénico,
apático, depressivo e por fim, suicida.
A actual estruturação
física da sociedade é certamente a prova mais concreta da "eterna"
busca pelo prazer. A própria evolução dos objectos utilizados no
quotidiano visam permitir ao ser humano a satisfação de suas
necessidades com o empreendimento do mínimo de esforço, ou seja, o
mínimo de sofrimento possível. Qualquer exemplo serve: um
liquidificador, um elevador, uma geladeira ou um automóvel. Todos
eles visam facilitar a sobrevivência humana se exigir-lhe
actividades não prazerosas.
A humanidade caminha em
busca da obtenção do prazer permanente. Parece ser esta a função
de sua existência. O gozo "eterno", a felicidade total, o
objectivo provavelmente impossível.
Embora o ser humano
tenha desenvolvido um avanço tecnológico o bastante para aumentar
consideravelmente as possibilidades para a obtenção do prazer, as
estruturas socio-económicas desenvolvidas até os dias actuais são
essencialmente anti-prazerosas, o que inviabiliza a praticidade de
uma vida amplamente satisfatória.
Todo e qualquer conjunto
social humano requer a manutenção de uma moral que permita o
equilíbrio nas relações entre diferentes interesses individuais e
colectivos. Por viver e desenvolver-se em uma sociedade autoritária
e coercitiva, é natural que através dos milénios a humanidade
tenha desenvolvido mecanismos de coerção psicológicas capazes de
tornar "suportável" regimes sociais altamente opressivos e
anti-prazerosas.
O ser humano abstraciona
sua existência e por mais abstracta e absurda que seja sua ideia
ele ainda é capaz de tomá-la como uma verdade absoluta. Foi assim
que nasceram todos os deuses e todas as religiões, que embora em
determinadas épocas tenham contribuído com a formação e o
desenvolvimento das civilizações humanas fornecendo-lhes uma base
moral que facilitasse a convivência entre indivíduos de uma mesma
comunidade, sempre exerceram uma função coercitiva no meio social.
Através de séculos de
pregação religiosa os sacerdotes descobriram que a inibição da
prática sexual favorece a aceitação do enquadramento social, já
que o indivíduo reprimido sexualmente é um indivíduo que tem suas
potencialidades sociais fragmentadas, a sua criatividade inibida e
sua originalidade afectada, pois a repressão sobre as actividades
sexuais de um indivíduo é também a repressão sobre as funções
orgânicas e intelectuais do mesmo.
O sexo é a função
orgânica mais intensamente prazerosa, tão prazerosa que dirige
grande parcela das actividades sociais humanas e exige
necessariamente uma atenção especial em todas as culturas, em
todos os países. Logo é óbvio que quem controla o sexo controle
boa parte das actividades humanas.
Na sociedade capitalista
todas as actividades voltadas quase que especificamente só para o
prazer como o sexo, a arte, a cultura de entretenimento e os
desportos estão altamente imbuídos de valores capitalistas tais
como a competição, a busca pelo status social e poder financeiro,
o que desvia as reais funções das actividades prazerosas,
dificultando a obtenção do prazer e a realização de uma vida
social satisfatória.
Libertar as actividades
sociais essencialmente objectivadas no prazer e resgatá-las das
amarras religiosas, psicológicas e sociais burguesas, é libertar o
próprio ser humano de sua condição subserviente e medíocre. Romper
com os padrões morais burgueses e empreender-se na prática da
actividade prazerosa e principalmente sexuais é atender as funções
vitais do organismo humano necessárias para a satisfação plena de
qualquer indivíduo e para o bem estar físico e psíquico do mesmo.
O prazer atingido na
prática sexual é talvez a manifestação mais completa, ampla e
satisfatória do próprio prazer. Atender aos impulsos do libido
sexual (respeitando é claro, os interesses do indivíduo desejado)
é realizar-se como ente vivo e atingir o êxtase máximo natural
possível a todos os seres humanos normais. O resto é sofisma pura
enganação esquematizada por todos os tipos de religiões e
demagogos reacionários que se beneficiam directamente da sujeição
psicológica da massa popular.
Em Busca
do Prazer
Zonas Erógenas
Dentro do
assunto sexualidade e respostas sexuais a maioria dos homens e
mulheres procuram o prazer tomando um comprimido mágico, uma
fórmula milagrosa, a procura do tal ponto G, do distante e sonhado
orgasmo, e se possível múltiplo. Não podemos nos esquecer do
potencial do nosso corpo por si só, aprendendo a explorá-lo e
também o do parceiro.
Tudo se inicia pelas carícias: Os sentidos são as portas de
comunicação com o mundo externo. O ato sexual é basicamente uma
actividade sensória onde predominam as sensações auditivas,
olfactivas, visuais e táteis. Em nossa cultura as mulheres são mais
sensíveis do que os homens à influência sexual dos sons, sobretudo
da música e da voz. O som dos movimentos respiratórios durante o
ato sexual pode ser um estímulo complementar que amplia e
fortalece a excitação erótica. A melodia, como o som da voz, pode
ter uma acção relaxante como um poderoso estímulo sexual para
certas pessoas. Fechar os olhos e se deixar levar pela
musicalidade de um som agradável pode ser extremamente sensual e
erótico. No homem, o olfacto geralmente exerce um efeito mais
efectivo para a sexualidade do que a audição.
O beijo tem tanto uma base táctil quanto olfactiva, não parecendo
haver dúvida de que o odor desempenha um papel ponderável na
atracção ou na repulsão sexual das pessoas. Afirma-se que na nossa
cultura os homens são excitados principalmente através da vista, e
as mulheres através do toque. Nosso corpo é provido de receptores
táteis, e em função disso pode despertar impressões sensuais que
causam prazer. O tacto é sem dívida um dos mais importantes
elementos da vida erótica. A própria relação sexual é um ato
fundamentalmente táctil.
No corpo humano há certas zonas que são apontadas como sendo
particularmente sensíveis à estimulação erótica (zonas erógenas),
mas não se pode deixar de lembrar que toda pele é erotizável e que
toda ela pode ganhar uma expressão sexual, dependendo do momento
em que o toque se realiza e da pessoa que o faz. Regiões
aparentemente neutras como as mãos ou os pés, podem ser erotizadas
a tal ponto que chegam a produzir orgasmo. Não é de admirar que os
sexólogos aproveitassem as sensações, para utilizá-las de um modo
terapêutico. Se os órgãos dos sentidos são os veículos da
comunicação, nada melhor do que aprender a usá-los de modo
adequado e construtivo nas deficiências dos relacionamentos
interpessoais.
Conhecer seu próprio corpo e o da parceira é muito importante para
explorar as sensações que o sexo pode proporcionar.
Conversa,carícias e beijos são armas muito eficientes na
investigação deste território fascinante que é o corpo humano. As
áreas erógenas mais conhecidas são:Mulher: os seios,as nádegas,a
vagina e principalmente o clitóris. Homem:também os mamilos,o
pênis e as nádegas em menor grau.
Dicas
para a descoberta do prazer:
1-Ansiedade,
o pior inimigo - O cansaço e a ansiedade comprometem o desempenho
sexual tanto ou mais que a ingestão de drogas inibidoras do
desejo, como a cocaína e alguns antidepressivos. É também a
ansiedade a culpada pelo fracasso de muitos adolescentes em
iniciação sexual. Ela provoca falhas na erecção e é uma das
principais causas da ejaculação precoce no homem e da falta de
orgasmo da mulher.
2 - A Cama não é passarele - As mulheres são mais preocupadas com a
forma física do que com o próprio prazer. As fanáticas por
academia e por dieta continuam fazendo pose na cama em vez de
relaxar e tirar proveito do sexo, o que aumenta a ansiedade.
Muitas mulheres com a auto-estima em dia, ainda que com a
barriguinha fora de lugar, costumam ser mais felizes na cama. Muito
da dificuldade feminina em chegar ao orgasmo se deve à inabilidade
do parceiro.
3-Troque uma transa rápida por uma guerra de beijos -As
preliminares são muitos importantes e é neste período que os
parceiros podem fazer o mapa sexual um do outro, descobrindo os
seus pontos mais excitantes ou ensinando o parceiro como deve
tocá-lo(a) para ter mais prazer.
4-Cinema e romance, os melhores afrodisíacos- Outro conselho dos
terapeutas aos homens: Há poucas coisas mais afrodisíacas para um
mulher do que se sentir cortejada, perceber-se objecto de atenção
especial, receber um elogio, ser surpreendida com ingressos para
um show ou um convite para jantar. Por isso, não existe terapia
sexual séria que não vasculhe, também as disfunções do
relacionamento. Para as mulheres, afecto eventualmente redunda em
sexo.
5- Sexo bom é mais do que penetração -Os sexólogos lutam para
expandir o conceito de relação sexual a fim de mostrar aos homens
que a penetração é apenas uma das possibilidades eróticas do sexo.
É a menos importante para as mulheres. O homem precisa aprender a
saborear as preliminares; o homem pensa e age como se 80% da zona
erógena se concentrasse no aparelho genital, enquanto a mulher
sabe que ela se espalha pelo corpo todo.
6-Orgasmos múltiplos, um mito -A ideia de que só é bem sucedido no
sexo a mulher que tem orgasmos múltiplos não passa de um empecilho
ao prazer. A mulher acha que precisa de vários na mesma noite. A
entrega total com muito amor, carinho, fantasias podem
levá-la a um orgasmo único e suficientemente bom.
DR.CELSO MARZANO
Diretor do CEDES - Urologista e Sexólogo
O que Buscamos?
"A definição de
prazer supera a conotação sexual. Prazer é realização, satisfação,
felicidade! A procura por ele nos mantém vivos, a vida se define
como uma busca por um prazer que nunca vai ser encontrado
plenamente, mas também nunca vai deixar de ser objectivo."
"As nossas relações podem ser classificadas como afectivas,
sexuais e afectivo-sexuais. Buscamos o último tipo, em que
coexistiriam sexo e afectividade em proporções iguais. Procuramos
um equilíbrio que só pode ser alcançado através da superação de
nossas próprias limitações. É a busca pela felicidade, pois prazer
é o que queremos."
A busca do prazer
O prazer é uma recompensa
maravilhosa,
mas não um fim em si
mesmo.
Procurar o prazer somente
pelo prazer
é perder o valor e a
alegria que o prazer traz.
O prazer é realmente bom
quando
não é buscado
directamente.
O prazer verdadeiro é o
resultado de
atingirmos um objectivo ou
um propósito.
Você não pode criar
prazer.
O prazer é apenas o
subproduto de uma outra actividade.
O prazer, como fim, é
vazio e insignificante.
Como um dependente de
drogas, que precisa
da sua próxima dose,
aqueles que procuram
apenas o prazer não
encontram satisfação duradoura.
Evitar a actividade e
procurar directamente o prazer desvirtua o propósito e
rouba sua alegria e o
significado.
Quando "sentir-se bem" não
tem profundidade,
não adiciona valor nem
alegria à sua vida.
O prazer é uma recompensa,
não um estilo de vida.
Devemos aproveitar todas
as situações ao máximo.
Mas somente o prazer
devidamente ganho
pode ser prazer
verdadeiro.
Ralph S. Marston, Jr.
PULSAR -
CAMINHO DO PRAZER
Falar em pulsação e prazer numa
sociedade mecanicista, desumana como a nossa, soa como algo
distante e teórico.
Isto porque, na inversão de valores desta mesma sociedade
narcisista, a preocupação maior passa a ser a de corresponder aos
valores do sucesso e do poder. O ser humano, desde cedo, aprende
com os pais, a se afastar do seu corpo e a negar a vida dele, das
sensações, das emoções e dos sentimentos.
As crianças começam a desenvolver e formar imagens de si, que
estejam de acordo com os valores sociais e logo são estimuladas à
luta e à busca do poder, assumindo a postura corporal do peito
inflado, barriga para dentro, às custas de uma respiração contida,
de uma energia bloqueada, de uma pélvis encouraçada, de um coração
fechado, de um corpo rígido e tenso.
E tudo isto é o início de uma longa e tortuosa caminhada de vazio
interior, desamor, desprazer e desesperança.
O afastamento do corpo é o afastamento de si mesmo, pois como diz
Alexander Lowen, “Você é o seu corpo” e é através dele que você
expressa emoções, presença no mundo, jeito de ser, saúde.
Uma boa leitura corporal identifica a mensagem existencial, a
postura de vida.
O pessimista reflecte no modo de caminhar, de se movimentar e nos
olhos, o desânimo, a falta de iniciativa, a desesperança.
Alguém com raiva trinca os dentes, fecha os punhos, enrijece as
costas como os gatos e outros animais.
Quem não identifica o apaixonado cheio de vitalidade, brilho nos
olhos e alegria, que transmite e contagia o ambiente.
Por mais que se deseje prestígio e status, estes não são capazes
de gerar prazer pela tensão, pelo stress, pela inveja que o
poder desencadeia nos outros. O poder sempre divide. A história
nos mostra.
Mas, mesmo os obcecados pelo poder, desejam o reconhecimento e a
aceitação do ser amado.
E o amar exige entrega e, para isto é necessário se fazer
desencouraçar, sair da prisão corporal e energética para se ter a
possibilidade de pulsar, viver espontânea e criativamente.
O ser palpitante é aquele que respira por inteiro, que flui, que
tem graça, beleza e saúde.
É o ser-natureza, que conhece a sabedoria do corpo e respeita o
seu ritmo, que se movimenta como ondas ao mar, que se agita e se
acalma, integra agressão e ternura, raiva e amor.
Pulsar é viver, é sentir prazer.
Quem não tem prazer torna-se frustrado, raivoso e insatisfeito.
Quem se arrisca a se descobrir, a se conhecer, tem a oportunidade de
assumir o poder pessoal e a capacidade de ser responsável pela
própria vida.
Grace Wanderley de Barros
Correia (Psicóloga)
O desejo, a fantasia e o universo
Fantasias,
sonhos são formas, através das quais o desejo se expressa, e que
constituem a grande riqueza do ser humano. E o torna diferente do
animal.
É a fantasia
que move o homem e o leva a poder e, portanto, querer transformar
as coisas. O desejo impulsiona o indivíduo a criar, realizar,
querer modificar. Sem ele, o mundo permanecerá estático, parado,
não haveria lugar para a evolução.
Algumas
pessoas tem mais fantasias que outras, dependendo de sua história
de vida. A forma que cada um lida, desde que nasce e pela vida
afora, com a busca do prazer no mundo, e o que este lhe impõe -
que nem sempre corresponde ao seu desejo, vai estar estreitamente
ligado ao seu funcionamento mental, seus desejos, fantasias,
sonhos. E que nem sempre são satisfeitos, a contento.
Assim, desde
o nascimento, a criança vai ter que se adaptar (ou não) com uma
série de expectativas da mãe, do pai e do mundo .......
A satisfação
inicial de suas necessidades básicas - alimentação, higiene .....
são carregadas de vivências, boas e más, que estimulam a
imaginação infantil, transformando-se em fantasias.
O primeiro
objecto de amor, para a criança de ambos os sexos, é a mãe.
De forma
diferente do menino, o bebé menina vai ter um desenvolvimento
psico-sexual mais lento e doloroso (que o menino), pois vai ter
que trocar seu objecto de amor primeiro - a mãe, pelo pai; não só
para reassegurar sua feminilidade, mas também abrir caminho, para
um dia, buscar um companheiro e constituir sua própria família.
Desde
pequena, a menina vai ter que se haver com angústias de separação,
luto, perdas e com a dor que isto desencadeia. Pode-se inferir,
que isto a torna mais capaz de lidar com a dor.
A menina
"desiste" da mãe como objecto sexual, por desilusão, por perceber
que esta mãe nem sempre está (disponível) presente em sua vida,
que existe um outro, seu rival - o pai, com o qual ela divide seu
amor, seu olhar apaixonado e seus cuidados ...
E ela parte,
em busca do encontro e do olhar apaixonado do pai. Ela deseja ser
o objecto de desejo do pai, como um dia o foi de sua mãe, para
poder se ligar a ele e se sentir mulher ...
O tornar-se
mulher pressupõe o desejo de ser objecto de amor, a busca do olhar
("apaixonado") de um homem ( o outro - pai ou substituto),
característica predominante do psiquismo feminino, porém não
exclusiva.
Quantas
fantasias - sonhos - desejos surgem deste processo !.... A
capacidade, da menina-mulher elaborar seus conflitos e poder
realizar seus desejos, está profundamente relacionada às condições
e à capacidade, da mãe e do casal, de poder amar esta criança,
perceber e lidar de uma forma saudável e equilibrada com as
necessidades dela, assim como com as próprias (necessidades).
Nota
final:
A busca do
prazer não se resume exclusivamente ao sexo. Temos que ver o sexo
como complemento em busca da felicidade e não como um fim em si
só.
Ninguém fala de afectos, consequência natural da vida "amor".
Nem sempre a busca do prazer é sinónimo de felicidade, depende
como busca-se esse prazer, como se lida com essa situação.
Observo que
fala-se muito e pratica-se pouco :P
Adriano Gomes